quinta-feira, 16 de maio de 2013

Comunicação | Manufacturing Consent: Noam Chomsky and the Media



Noam Chomsky nasceu em Filadélfia em 1928 de família judia ucraniana. Desde cedo se aproximou das idéias libertárias de pensadores judeus como Martin Buber, Gershom Scholem e da tradição dos emigrantes anarco-sindicalistas. Professor do MIT (Massachusetts Institute of Technology), aos 30 anos já era internacionalmente famoso pelas suas pesquisas em lingüística e suas teorias revolucionárias sobre estrutura da linguagem: a gramática generativa.

Aquele que podia ter sido um pacato e famoso professor universitário, não compactuou, no entanto, com o poder. Tal como havia feito nos anos 30 - quase criança- manifestando sua solidariedade aos libertários espanhóis vítimas do fascismo de Franco, nos anos 60 foi um dos principais intelectuais presentes na oposição à guerra do Vietnã participando também das lutas dos direitos civis que abalaram o establishment norte- americano. Chomsky mostrou como um intelectual pode viver duas vidas: a dum cientista brilhante e a do engajamento nas causas sociais. A partir daí podemos encontrar ao lado da obra do famoso lingüista, as análises ácidas do analista independente capaz de escrever Os Novos Mandarins, Ano 501: A Conquista Continua ou As Ilusões Necessárias: O Controle do Pensamento nas Sociedades Democráticas. Uma obra que se estende por mais de cinqüenta livros traduzidos em todo o mundo.

A maior parte do seu tempo fora do MIT e da pesquisa universitária é gasto dando conferências para grupos comunitários e alternativos por toda a América do Norte. Para ele compromisso social é isso: defesa da liberdade, da justiça e da autonomia dos cidadãos. Essa radical generosidade tanto se manifesta na oposição à arrogância imperial norte-americana, quanto na solidariedade aos palestinos -ele que é um judeu-, ou no apoio à causa do povo maubere de Timor, essa ilha perdida na Oceania, onde se fala o português.

De forma desconcertante, desmontando os discursos dos intelectuais e especialistas da sociedade do espetáculo, Chomsky afirma: "Para analisar as ideologias, basta um pouco de abertura de espírito, de inteligência e um cinismo saudável. Todo o mundo é capaz de fazê-lo. Temos de recusar que só os intelectuais dotados de uma formação especial são capazes de trabalho analítico. Na realidade, isso é o que alguns nos querem fazer querer..."

Talvez por essa sua independência, sua autonomia, Noam Chomsky tem sido um intelectual suspeito para a esquerda dogmática, até porque sua visão libertária sempre o fez duvidar dos caminhos autoritários do socialismo de estado. Nos anos 80 afirmava: "Para a esquerda, a queda da tirania soviética foi uma alegria e uma pequena vitória. Sempre é positivo que desapareça uma forma de opressão." Talvez por isso sua obra seja tão herética para as grandes editoras dos EUA, quanto para as confrarias da esquerda brasileira. Por essa razão a dificuldade de encontrar algumas das obras fundamentais de Chomsky em língua portuguesa, e também por isso o silêncio na universidade brasileira em relação ao mais conhecido e influente pensador norte-americano, contrastando com a omnipresença dos mais medíocres pensadores da ortodoxia marxista.

Mas pensar independentemente na sociedade de massas, onde os mídia domesticam o pensamento e fabricam os consensos -essa é opinião de Chomsky- é talvez o maior desafio dos intelectuais da nossa época. "O cidadão só tem uma maneira de defender-se do sistema de propaganda: o de adquirir algum controle sobre sua vida, vencendo o isolamento e organizando-se", "as idéias da livre associação, do controle popular das instituições e de derrubada das estruturas autoritárias são o caminho da liberdade e da democracia."

Segundo Chomsky a "fabricação de ilusões necessárias para a gestão social é tão velha como a história." mas, foi a partir do começo do nosso século com o autoritarismo comunista e fascista que se criou o atual "modelo de propaganda" onde a instrumentalização dos cidadãos se faz através dos mais poderosos meios de manipulação de massas criados até hoje pelo o homem: a imprensa, o radio e a televisão.


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